X Renegados, acima de tudo abrimos o debate sobre nomes e temas que recebem pouca
atenção da academia e da sociedade. Na expressão própria dos autores são
renegados, “marginalizados”. São autores que, mesmo tendo se debruçado sobre
variadas temáticas como a organização nacional, política, instituições, artes,
literatura, educação, comportamento e partidos políticos, foram considerados
“menores” e “não aceitos ou não incorporados pelo mundo acadêmico e sociedade”.
Assim, autores e temas que pensaram o Brasil, que participaram ativa e
valentemente de tais debates, são por vezes esquecidos na elaboração de
bibliografias, dissertações, teses universitárias e consciência social.
interpretação da mesma vale trazer o entendimento do professor Rodrigo
Christofoletti quanto o trabalho dos renegados. Seus trabalhos são importantes,
somente menos conhecidos.
“memórias silenciadas” são propositais, que não se encaixava no
projeto de identidade nacional da época, portanto, uma coexistência
estabilizada no que interessa estudar e/ou propagar. Nos dias de hoje diríamos
“abafa o caso”. E também acredito que deva ser relacionado aos grupos
sociais ligados e a forma a qual o mesmo conseguia disseminar suas opiniões.
Mas para tanto deve-se mitigar caso-a-caso, época a época.
“Renegados” pode mudar a forma como se conta ou conhecemos a história, desde a
estrutura narrativa, passando pela não-linearidade dos fatos antes
apresentados. Esta crítica da noção de fato histórico tem, além disso,
provocado o reconhecimento de “realidades” históricas negligenciadas
por muito tempo pelos historiadores.
dados da filosofia, da ciência, da experiência e da memória (individual e
coletiva) tende a introduzir, junto destes quadros mensuráveis do tempo
histórico, a noção de duração, de tempo vivido, de tempos múltiplos e
relativos, de tempos subjetivos ou simbólicos a cada nicho da sociedade, que
atravessa e é transversal à história e a alimenta de passado e presente. Por
isso a importância do entendimento/relação de cultura/história com o
contemporâneo. Enquanto conhecimento do passado, a história não teria sido
possível se não tivesse deixado traços, monumentos, suportes da memória
coletiva. A memória e a história se conversam e se resguardam conforme suas
especificidades.
ideias fora do lugar” conceito cunhado por Roberto Schwarz, refletimos que seus
efeitos são muitos, e levam em longe nossa literatura, mas nos interesses e até
a caminhos e a enganos intencionais (memórias criadas), e bem fundado das
aparências, onde é possível legitimar por vezes o arbitrário por meio de alguma
razão “racional” o favorecido
conscientemente engrandece a si e ao seu benfeitor, que por sua vez não vê,
nessa era de hegemonia das razões, motivo que vão além dos naturais debates, um
antagonismo “ideia fora do lugar” assim a luz dos estudos provocados por esta
pós graduação, inclusive produz a possibilidade nessa era de hegemonia das
razões, motivo para desmentir “tais verdades”. Assim podemos e devemos enxergar
um movimento contestatório que reforça aquilo que poderíamos chamar de uma
“história vista de baixo” (History from Below).
em 2019 trouxe um eco e a reflexão aos esquecidos e renegados. Um olhar para
quem deveria estar nos livros e porque, os que estão, foram escolhidos para
estar. A proposta era questionar acontecimentos históricos cristalizados no
imaginário coletivo e que, de alguma forma, nos definem enquanto nação. Essas
ideias de “descobrimento” “independência” e
“abolição” postas em cheque ou questionadas para possibilitar o
entendimento do desprezo pela cultura nacional e as razões de uma sociedade
pacífica ou, porque não, passiva. É um tema que se alinha perfeitamente ao
conteúdo do curso e a reflexão contemporânea.
morrer de medo de perderem seus privilégios caso a população abra seus olhos,
usam de inúmeras artimanhas para manter parcela da sociedade dócil e obediente
e mantendo-os na ignorância.
“do contra”, o antagonismo “as ideias foras do lugar” é elemento necessário
para não cairmos em reprodução social e na armadilha de sermos uma massa de
manobra. A boa certeza é sempre duvidar. O pensar
diferente ou de outras perspectivas se torna existencial. É a vitamina de novos
caminhos e descobertas do mundo e de si próprio.
de lugar? Acredito no diálogo com as outras ciências sociais, no alargamento
considerável de seus problemas, métodos, objetos, e assim ela pergunta se não
começa a perder-se? E me pergunto neste momento se o pensamento tenha que ter o
seu lugar ou o desconstruir faz parte do eterno aprendizado.
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