A pesquisa foi iniciada em janeiro deste ano, quando a Casa foi tombada como Patrimônio Histórico. Na ocasião, a Prefeitura, por meio do historiador Marcos Braga, contatou o arqueólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Manoel Gonzalez, para realizar os estudos.
A principal evidência encontrada foi a parede de pedra construída entre 1516 e 1520. Segundo Braga, pode tratar-se de uma parte da edificação chamada de Fortaleza do Barão da Cananéia. “O muro pode chegar à extensão de 25 metros. Os estudos seguirão e as escavações devem comprovar o tamanho da edificação, que acreditamos ter 400 metros quadrados”.
Durante o trabalho arqueológico iniciado em setembro, mais de 800 peças foram encontradas no local. Desde ossos humanos, de animais e conchas talhadas há três milênios, creditadas aos povos dos sambaquis, passando por cerâmicas utilizadas pelos povos indígenas, há 800 anos, material mostrando evidências do inicío do contato entre negros e indígenas, até colheres de bronze, louça inglesa, facão, fabricados entre os séculos 16 e 19.
“Pela importância de São Vicente ser a primeira vila do Brasil trata-se de uma descoberta histórica. Ainda mais por estar em uma área totalmente urbanizada. Tudo que encontramos está do lado de fora, queremos iniciar as conversas com o dono do terreno, pois trata-se de um sítio de importância nacional”, diz Braga. “Ali nos reserva coisas muito mais interessantes e importantes”.
O arqueólogo Manoel Gonzalez se surpreendeu com o sítio arqueológico encontrado em São Vicente. “Sempre encontramos sítios fragmentos e desconexos. Aqui podemos ver em camadas toda evolução do processo de cultura material. Desde os sambaquis, povos indígenas, negros, até a ocupação colonial. Tudo em um mesmo local”, diz.
Ele explica que a exploração deve continuar nos próximos meses e mais de 3 mil peças podem ser encontradas no local. As escavações devem seguir até o jardim da Casa Martim Afonso. O arqueólogo também ressalta a importância das escavações na área do outro lado da parede (onde funciona um estacionamento). “Teremos surpresas ainda maiores”
O trabalho arqueológico está registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A Casa Martim Afonso fica na Praça 22 de Janeiro, 469 – Gonzaguinha).



