naufrágio do navio de passageiros Costa Concordia, na Itália.
tragédia marítima, mas em sua própria costa. Foi o naufrágio do Princípe
de Astúrias, até hoje o maior da história do País. Segundo dados
oficiais, 445 pessoas morreram quando o navio afundou após se chocar com
rochas em Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo.
Os relatos
mostram que os piores acidentes em alto-mar costumam ocorrer à noite. No
Concordia, era pouco mais de 21 horas quando a embarcação se chocou com
rochas da Ilha de Giglio e o pânico tomou conta da hora do jantar. No
Príncipe de Astúrias, os hóspedes tiveram seu sono interrompido às 3h45.
Das 558 pessoas a bordo – 365 passageiros e 193 tripulantes –, sobraram
poucas para narrar as últimas horas do navio.
O número de
passageiros foi registrado quando a embarcação saiu de Las Palmas, nas
Ilhas Canárias (Espanha), antes da travessia do Oceano Atlântico em
direção ao Brasil. Não há informações sobre a quantidade de pessoas no
dia do acidente.
Ao contrário do Concordia, que até ontem estava
parcialmente submerso, o Príncipe de Astúrias afundou e rápido, em
cerca de cinco minutos. O naufrágio do navio – de 140 metros de
comprimento e 17,7 metros de largura – ocorreu em um domingo de
Carnaval, em meio à Primeira Guerra Mundial.
A embarcação saiu
de Barcelona, na Espanha, no dia 17 de fevereiro e deveria passar por
cinco portos antes de chegar a Santos. Mas isso não ocorreu. Em
Ilhabela, a proa (frente) do navio colidiu contra pedras da laje da
Ponta da Pirabura, no extremo leste da ilha. A área já era conhecida
como uma das mais perigosas para a navegação.
Um rasgo de
aproximadamente 20 metros no lado boreste (direito) da embarcação
permitiu que a água do mar invadisse o navio. E impediu que os
passageiros tivessem tempo hábil para fugir. O choque da água fria com
as caldeiras provocou uma explosão que praticamente partiu o navio ao
meio.
Sem os livros de bordo e com a morte dos oficiais, o
acidente acabou rodeado de mistérios. Inúmeras perguntas ficaram sem
respostas. Um dos segredos, inclusive, se refere à presença de
aproximadamente 10 mil toneladas de ouro a bordo, que seriam
descarregadas clandestinamente pelo comandante.
naufrágios e jornalista santista José Carlos Silvares, o acidente foi
atribuído a falhas ocasionadas pelas condições climáticas. A forte
cerração, a chuva e problemas nos equipamentos de navegação acabaram
levando à mudança brusca na rota.
“Houve ainda falta de
visibilidade do único farol da região, na Ponta do Boi. Essa somatória
de fatos levou o primeiro piloto, que estava na casa de comando, a
conduzir o navio na direção das rochas escarpadas que avançavam mar
adentro”, detalhou Silvares, que pesquisou o assunto por 25 anos.
Seu trabalho originou o livro Príncipe de Astúrias – O Mistério nas Profundezas, publicado em 2006.
Para
o presidente da Praticagem de Santos, Fábio Fontes, a falta de certezas
na navegação e a ausência de equipamentos precisos colaboravam para
acidentes como o do Príncipe de Astúrias. “Era um acidente típico para a
época, quando os navios só tinham duas bússolas magnéticas e um timão
manual. A travessia do Atlântico era feita manualmente. Hoje não, é tudo
automático”, explicou.
Segundo com Fontes, existiam apenas dois
tipos de navegação em 1916.Uma delas era a astronômica, na qual o sol, a
lua e até as estrelas determinavam, com bastante precisão, a posição
exata do navio. A outra era a dedutiva, utilizada quando o tempo ficava
nublado e o comandante tinha de advinhar o local da embarcação.





