
Foram espanhóis os responsáveis pela
fundação do Jabuca. Desejosos de terem a oportunidade de recordar a
terra querida após a imigração, se reuniram e tornaram realidade o
Hespanha Foot Ball Club, depois Espanha Futebol Clube e finalmente
Jabaquara Atlético Clube.
Entretanto, foi a cidade de Santos que o acolheu e os santistas que o
adotaram como o primeiro clube de muitos e segundo de todos. E já se vão
97 anos.
O popular Jabuca vem desde a sua primeira crise, três anos após a sua fundação em 1914, lutando bravamente, como um leão.
Em 1917, problemas financeiros levaram o clube ao seu primeiro grande
desafio: convidar um time de ponta do futebol paulista para um amistoso
em Santos e, com a renda auferida, colocar em dia os seus compromissos
financeiros. Mas, e o risco de um vexame por uma goleada acachapante?
E havia outra forma? “Então vamos à luta”, afirmava o presidente na época. Aliás, a luta sempre foi a tônica no clube.
Resultado do jogo: vitória do Hespanha por 2 a 1, desfile pelas ruas da
Cidade exibindo a bola do jogo e a taça conquistada, bandeira conduzida
estendida e as pessoas jogando dinheiro sobre ela numa verdadeira
coleta, a demonstrar desde ali que os santistas jamais iriam desamparar a
nova agremiação rubro-amarela.
E as exibições com garra e fibra, que justificariam o apelido de “Leão
do Macuco”, só fizeram aumentar o carinho dos torcedores da Cidade pelo
clube a ponto de ser criado na década de 50 o slogan “Jabuca – o mais
simpático da Cidade”.
Quando enfrentava qualquer clube considerado grande do futebol paulista,
o Jabaquara tinha a seu lado a torcida de todos os outros rivais do
adversário. E pregou grandes peças em todos eles.
A de maior repercussão foi em 31 de julho de 1957, quando derrotou o
Santos Futebol Clube por 6 a 4 em plena Vila Belmiro, estando o Peixe
com sua força máxima, Pelé inclusive.
Por isso, na passagem de mais um aniversário da nossa querida Santos,
Terra da Liberdade e da Caridade, que sempre teve um povo acolhedor, é
bom lembrar do saudoso jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva, o De
Vaney, prêmio Charles Miller de literatura esportiva, que escreveu um
dia sobre o Jabuca:
“Acima de tudo, planando alto, sobranceiro, intangível, exemplo vivo de
que querer é poder, sejas tu, tu, Jabaquara, que aprendeste com o teu
antecessor, o Espanha, a seres uma forja de homens imbatíveis na porfia
incessante de te tornar, desde 1914, o que sempre foste, és e serás: um
clube imortal!”


