Perigos do Necrochorume – Você sabe o que é?

A decomposição dos corpos produz uma substância líquida chamada
necrochorume, que é composta por micro-organismos infecciosos, como
bactérias e vírus. Calcula-se que cada cadáver libere, em média, 200 ml
de necrochorume por dia durante, pelo menos, seis meses. Segundo Alberto
Pacheco, professor da USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador do
Cepas-USP (Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas), quando o líquido
entra em contato com o lençol freático por conta de “rachetas”
(rachaduras), ele pode se espalhar e afetar quem vive nas proximidades,
principalmente por meio de poços artesianos da região. “Há casos
históricos (…) na Europa”, diz o hidrogeólogo, relembrando os surtos
de febre tifoide ocorridos em Berlim, na Alemanha, e Paris, na França,
durante a década de 1970. Ele também enfatiza que, além da febre
tifoide, a febre paratifoide e a hepatite infecciosa, essencialmente a
hepatite A, são exemplos de doenças causadas pela contaminação do
necrochorume.

Para Alberto Pacheco, são necessários projetos de
construção ou adaptação de cemitérios baseados em estudos de geotecnia,
com o enfoque nas características do solo e na profundidade das águas
subterrâneas. De acordo com o professor, o solo deve ter capacidade de
filtrar as bactérias e absorver os vírus. Afirma ainda ser fundamental,
durante os sepultamentos, manter uma distância mínima de 1,5 m do lençol
freático, “para evitar qualquer possibilidade de contaminação”.

A
jornalista Fernanda Felicioni, autora do livro “A Ameaça dos Mortos –
Cemitérios põem em risco a qualidade das águas subterrâneas”, diz que
alguns especialistas apontam a cremação como uma alternativa para esse
problema e o da superlotação nos cemitérios, mas isso esbarra em
questões culturais e religiosas. Devido à falta de jazigos, houve um
aumento no uso dessa técnica nos últimos anos, porém isso ainda
representa uma parcela mínima do total de pessoas mortas. “No entanto, é
preciso lembrar que a cremação também polui o meio ambiente, no caso o
ar”, afirma a jornalista, alegando que a maior parte dos crematórios
utiliza sistemas avançados de filtragem da fumaça justamente para tentar
reduzir os gases do efeito estufa.



(recicle suas idéias)
 

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